Sunday, November 28, 2004

Aflição

como posso pensar na vida?
se o meu coração está em pedaços
sinto a dor de uma ferida
e a presença de muitos percalços

hoje é um daqueles dias
onde o vazio preenche os pensamentos
a sensação prevalecente é a de agonia
e a ilusão é o meu descontentamento

as flores perderam o seu brilho
o céu ficou extremamente cinzento
a música não mais motiva este andarilho
e a dor pareçe ser o único alento

a leitura, companheira de muitas horas
afastou-se de mim furiosamente
pois sentiu que não existe aurora
que ilumine este depressivo momento

a única esperança são algumas palavras
que solidariamente juntaram-se a mim
para ajudar-me a livrar-me destas entravas
que destroçam a iluminação do meu jardim

e como um testamento de aflição
comparto contigo minha imensa dor
mas não te preocupes com esta sensação
que num segundo partirá nas asas de um condor. (Tadany Cargnin dos Santos – 28 11 04)

Thursday, November 25, 2004

Detalhes perceptiveis

No detalhe dos olhos
Choram as mágoas do arrependimento
Na ilusão do futuro
Enterram-se as dores do esquecimento

Na esperança do presente
Germina a flor da azaléia
Num esperma ardente
Jorra a chama da epopéia

Na lágrima caindo
Flutua a dor do perdido
No suspiro profundo
Se enterra a semente do esquecido

Na palavra precisa
Corta a chama da verdade
Na resposta incisiva
Dorme o germem da serenidade. (Tadany Cargnin dos Santos – 25 11 04)

Perdido

Perdi a linha do pensamento
Quando compartilhei o quotidiano
Numa masmorra de um relacionamento
Onde tudo se torna pequeno e insano

Porque a vida a dois é uma falácia?
Onde cada um finge ser para viver
Perdido na aquarela da Anastácia
Enganosa realidade até o dia de morrer

Porta-se bem minha alma
E sigas a trote o teu caminho
Enquanto isto mantenha a vibração e a calma
E contemples a beleza de viver sozinho. (Tadany Cargnin dos Santos – 25 11 04)

Saturday, November 20, 2004

Poema LXXVII

Todos os caminhos são importantes
Mas dependem de cada ser humano
As decisões sobre o que fazer na caminhada
Pois no final do dia
Os passos são mais importantes que o próprio destino. (Tadany Cargnin dos Santos – 20 11 04)

Enquanto

Enquanto houver fome na terra
Escutarei meu coração chorando sozinho
Enquanto um homem suscitar guerra
Espalherei como antídoto muito carinho

Enquanto visualizar injustiça social
Estarei compartilhando uma felicidade
Enquanto a pobreza for assunto banal
Extenderei a mão como caridade

Enquanto sentir um ser excluído
Estarei a mercê de uma dor incurável
Enquanto houver fanatismo corroído
Explicarei que Deus é maleavel

Enquanto houver seres de bom coração
Encantar-me-ei com a possibilidade de mudança
Enquanto o homem acreditar na divindade da criação
Estarei feliz porque sempre haverá esperança. (Tadany Cargnin dos Santos – 20 11 04)

Cambio

El primer poema uno jamás se olvida
Principalmente cuando uno cambio el idioma
Porque muda la percepción de la vida
Y presenta al cotidiano un nuevo aroma. (Tadany Cargnin dos Santos – 20 11 04)

Poema LXXVI

Me esqueçi de um antigo ditado popular
Mas notei que podia criar um novo
E dei-me conta de que tudo se pode imaginar
E compartilhar com todos para a alegria do povo. (Tadany Cargnin dos Santos – 20 11 04)


Frase

Um dia ouvi uma frase explendorosa
Que mudou o curso do meu destino
Uma voz falou-me:
a vida tem que ser gloriosa
Criativa, imaginativa e alegre como a vida de um menino
.

Desde então vivo sonhando
Contente nos caminhos que percorro
E um futuro mágico sigo sempre buscando
Onde no final verei tudo de cima do morro. (Tadany Cargnin dos Santos – 20 11 04)

Monday, November 15, 2004

Solidão

Solidão nas cavernas do himalaya
Solidão nos capelas do vaticano
Solidão nos escritórios de wall street
Solidão no barraco da favela

Solidão no salão do imperador
Solidão no teatro kodak
Solidão nos salões ovais
Solidão no corredor

Solidão no poder
Solidão na inveja
Solidão na ambição
Solidão no morrer

Solidão na guerra
Solidão nas celas dos guetos
Solidão na tortura
Solidão na terra. (Tadany Cargnin dos Santos – 15 11 04)

Poema LXXV

Quando um homem não pode mais amar sua mulher
Aconselha-se que o mesmo a deixe ir de sua mente
Para não ser traído por outro qualquer
E como resultado evitar tornar-se um ser impotente. (Tadany Cargnin dos Santos – 15 11 04)


Poema LXXIV

Enganoso gesto varonil
Que faz o homem mudar sua direção
Para justificar qualquer ato vil
Que realmente chama-se traição. (Tadany Cargnin dos Santos – 15 11 04)


Poema LXXIII

Quando o amor se torna uma amargura
E o que era paixão se converte em ódio
Que melhor maneira de acabar com esta tortura
Do que um amigável divórcio. (Tadany Cargnin dos Santos – 15 11 04)

Sunday, November 14, 2004

Tempo

Interessante é o tempo, pois o mesmo passa por nossas vidas levando a cada segundo um pedaçinho delas junto com ele, como se o mesmo tivesse um amor eterno pelas nossas preciosas almas e, mais que um amor, uma infinita abnegação que o faz dependente das mesmas para seguir adiante como o vento que sopra no mar levando a onda até a mesma quebrar-se na beleza da areia.

Pondero muitas vezes se este relacionamento não nos faz escravos do mesmo pois a cada tic-tac soado é uma parte da gente que é roubada pelo tempo, o qual por devoção ou capricho retém consigo mesmo os nossos segundos e os guarda em cofres tão fortes e selados que jamais poderemos recuperar ou ter acesso àquele precioso segundo vivido.

Seria então, o Vento, o maior abigeatários de todos os tempos, o vilão irresponsável e inescrupuloso que friamente nos impossibilita de ter controle sobre a mais preciosa jóia que nos é presenteada ao nascermos que é a possibilidade de viver (ou reviver) cada segundo ou seremos nós que em nossa limitada interpretação da vida hodierna que vendemos nosso tempo ao tempo dando-lhe assim o poder de trancafiá-lo em sua caverna e privar-nos do mesmo?

Qualquer que seja a opção, quisera que o tempo, este imaculado ser que nos acompanha nos sirva de maestro nos labores de viver e que o mesmo não nos abondone até o último segundo quando, em forma de adeus pelo longa trajetória juntos, nos libertaremos de sua dependência e voaremos livre em direção a um outro tempo qualquer. (Tadany Cargnin dos Santos - 14.11.04)


Monday, November 08, 2004

Poema LIXX

Como o mar que um dia termina na areia
Chega ao fim todo o amor
Mas este mesmo mar sempre traz outra sereia
Para colorir a alma do sonhador. (Tadany Cargnin dos Santos – 06 11 04)

Poema LXXI

E a mão que percorria o teu corpo
Com teu fogo tornou-se um vulcão
Que explodiu particulas de amor
Pelo vale de nossa paixão
E criou pavões coloridos
Que como uma aquarela de fervor
Invadiu o brilho da tua essência
Na caverna de tua sexualidade
Lugar este, onde pousei meu pássaro
Que ferventemente sincronizou-se com teu movimento
Para navegarmos juntos no lago do prazer. (Tadany Cargnin dos Santos – 06 11 04)

Poema LXXII

Não sei qual ato corrói mais a alma humana
Iludir-se no vício nocivo de um cassino
Ou domingo de madrugada ser despertado pelo barulho de um sino? (Tadany Cargnin dos Santos – 06 11 04)


Falso Profetizar II

Se Deus descansou no sétimo dia
Que supostamente é o indescritível domingo
Porque tão cedo os sinos tocam com galhardia
Para interromper o sagrado descanso de nossas almas? (Tadany Cargnin dos Santos – 06 11 04)

Falso Profetizar I

Malditos seres que em nome da religião
Nos domingos cedo pela manhã
Tocam os sinos e nos despertam de nossos sonhos.
Fanáticos, falsários e sem coração
Que erroneamente em nome de Deus
Transformam o magnânio ato de dormir
Numa tormenta incomparável
E num despertar sofrido, rancoroso e lamentável. (Tadany Cargnin dos Santos – 06 11 04)

Poema LXX

Que linda é a mente humana
Que em questão de segundos
Produz as mais fascinantes aventuras
E cria mágicos e inesquecíveis mundos. (Tadany Cargnin dos Santos – 06 11 04)

Thursday, November 04, 2004

Poema LXIII

Uma empresa é uma organização
De pessoas que não sabem o que estão fazendo
Mas que chamam isto de profissão
Para seguir no sistema acreditando. (Tadany Cargnin dos Santos – 04 11 04)

Poema LXII

O dinheiro é apenas um faceta da felicidade
E não deve ser o objetivo pelo qual se trabalha
Pois o único benefício do mesmo é proporcionar a comodidade
E os que a ele se escravizam fazem do dinheiro a sua própria mortalha. (Tadany Cargnin dos Santos – 04 11 04)

Dia dos Mortos em Pátzcuaro

A morte estava ali observando sorridente
Homens a veneravam com respeito
Ela reinava absoluta sobre a gente
E ao seu trato não havia nenhum despeito

A morte era um ser amigo e companheiro
E como o início da vida era esperada e desejada
Para a qual existiam milhares de rituais
Que harmonicamente se realizavam a sua chegada

Os índios neste grupo acreditam em reencarnação
E que no dia dos mortos, os espíritos retornam para visitá-los
Para isto eles preparam toda uma celebração
Onde o objetivo é aos visitantes contentá-los

Que riqueza de cultura tem esses indigenas magnetizantes
Que que tem na morte uma forte crença
E para ela preparam oferendas fascinantes
Com flores, pães, bebidas, velas, amor e esperança

Com todos estes conceitos milenares
A noite passa de maneira sinérgica e inexplicável
Enquanto os indíos fantasiados de águias, caveiras e jaguares
Fazem do ritual aos mortos uma celebração interminável. (Tadany Cargnin dos Santos – 04 11 04)

Complemento

Para cada derrota que sofremos
Existe uma nova esperança que nos motiva
Para cada doença que temos
Existe uma cura que nos reaviva

Para cada plantação que colhemos
Existe um novo campo sendo semeado
Para cada dor que sofremos
Existe uma alegria em nosso costado

Para cada aurora de guerra
Existe um armistício sendo assinado
Para cada opressão sobre a terra
Existe um carinho sendo compartilhado

Para cada depressão que enfrentamos
Existe uma força interior que nos recupera
Para cada temor que encaramos
Existe uma coragem que nos lidera

Para cada pensamento negativo
Existe um sonho positivo
Para cada verso emotivo
Existe um poeta intuitivo

Para cada amor que deixamos
Existe um novo por vir
Para cada estação que mudamos
Existe um novo caminho para seguir

Para cada noite que escurece
Existe um amanhecer que floresce
Para cada vida que desaparece
Existe um novo ser que nasce

Para cada dia que acordamos cansados
Existe a felicidade do simples acordar
Para cada pesadelo sonhado
Existe a beleza do despertar

Para cada música que ouvimos
Existe um compositor inspirado
Para cada alegria que vivemos
Existe a satisfação de um desejo almejado

Para cada objetivo buscado
Existe a motivação de terminá-lo
Para cada sonho desejado
Existe a força de poder executá-lo. (Tadany Cargnin dos Santos – 04 11 04)

Wednesday, November 03, 2004

Hábitos

Os hábitos começam com o simples consumo
Para satisfazer o desejo do momento
O qual julga-se sempre ser oportuno
Que quando saciado gera um momentâneo esquecimento

Mas a repetição impensada de qualquer uso
Propulsa uma força tão forte quanto o vento
Que muitas vezes leva a um constante abuso
Que quando diagnosticado cria a dor do arrependimento

Mas como a flecha que deixa o arco
O consumo feito é ar respirado
Cujo padrão tem de ser desfeito no marco
Que sem pensar foi na mente instaurado. (Tadany Cargnin dos Santos – 03 11 04)

O Espelho

No exato momento que um copo d´água regava a minha garganta
O espelho do quarto olhou-me com uma cara de sede profunda
Solidário do momento, interrompi meu prazer
E atirei o restante d´água no espelho
Com o qual o mesmo ensopou-se de alegria e, em retorno, sorriu-me satisfeito

Enquanto isto, um ser ¨normal¨ que a tudo observava
Disparou-me uma incompreensível e insana frase que dizia
¨estas louco em atirar água no vidro do espelho¨

Tranquilamente e com a paz de um monge ignorei o ofensor
Pois o mesmo não pode visualizar que até as coisas materiais
Possuem uma energia e uma força que os movem

Pois tudo o que é natural vem, em sua essência de formação, da natureza
E esta que é a progenitora de tudo o que existe

E, por ler meus pensamentos,
O espelho sorriu-me novamente,
Mas agora com mais ênfase e felicidade que anteriormente
Como que dizendo-me

Sede eu tinha
Sede já não tenho
A sede que era minha
Foi-se embora com empenho

Obrigado por entender-me
Sou grato por sua atitude
Que pena que o ¨normal¨ não pode ver-me
Pois em mim ele pode ver todas as suas virtudes

Assim, fechei os olhos por alguns instantes
E com uma satisfação inocente
Voltei a vida hodierna. (Tadany Cargnin dos Santos 02.11.04)